Pelo menos pela dupla Predador e Cascatinha.
Game over, babe.
A origem do Predador - Parte I
8:30 am.
Primeira viagem.
Check-in do aeroporto de Congonhas:
- Elaine, pegue as 8 malas menores, fique à distância, vamos despachar como bagagem de mão.
- Mas, Pred, tudo isso? Não vão encrencar?
- Caramba, estou falando que não!
Como não estava habituada ao trâmite de aeroportos e ele é meu novo chefe, decidi acatar a ordem.
Curiosamente, observo Pred à distância, noto que ele faz um jingle frenético com o corpo, uma movimentação corporal um tanto quanto estranha, mas que, misteriosamente, arranca sorrisinhos da atendente de alguns quilinhos a mais e de aparência levemente assustadora.
- Pronto, despachei e não paguei pelo excesso de 25kg!
Felizes, vamos para a área de embarque, que, 30 minutos depois, iniciou-se a chamada para a aeronave. Estranhamente, Pred não se movia, estava entretido com seu laptop. Achei que não havia escutado e lancei:
- Vamos?
- Não, espera todo mundo entrar!
- Não, espera todo mundo entrar!
Todos os passageiros entraram, os atendentes me olhavam com piedade e eu, como iniciante, suava frio ao mesmo tempo que minhas raízes mineiras, que não me deixam perder a hora, aumentavam meu estresse.
- Vamos entrar, por favor?
- Cacete, ta bom!
- Cacete, ta bom!
Aliviada, entro com minhas 6 bagagens de mão e Pred carrega apenas 2, afinal, além de falar comigo carinhosamente, é um gentleman.
Iniciam-se os avisos sobre a decolagem, solicitam manter as poltronas totalmente na vertical e atar os cintos de segurança. Porém, noto que Pred não os faz. Alinha os cintos milimetricamente para simular que estivessem conectados e mantém a poltrona reclinada. Questiono:
- Não vai arrumar a poltrona? A comissária está vindo e vamos decolar!
- As minhas costas doem se a poltrona ficar alinhada e o cinto amassa a roupa!
Como já previsto, a comissária intervém:
- Senhor, poderia, por gentileza, alinhar sua poltrona?
Ele maneja a cabeça como se tivesse concordado com tal regra, mas, para meu espanto, após a comissária sair 30cm de seu campo de visão, insanamente, ele reclina o assento.
Sem compreender e dominada pelo medo da decolagem, resolvo ignorar. Mas, curiosamente, o mesmo episódio ocorre ao pouso, exatamente as mesmas atitudes, a cena... Como um dejá-vu.
Durante o percurso do aeroporto até São Bento do Sul, SC, mais nenhum evento suspeito ocorre. Realizamos o show sem intercorrências e, já de volta ao hotel, resolvemos utilizar a piscina aquecida.
Combinamos trocar de roupas em nossos respectivos quartos e eu o chamaria. Minutos depois, de biquíni, mas, com camiseta e short por cima, bato em seu quarto. Quando a porta se abre, o choque:
- Você vai descer assim?! Descalço e de sunga?!!
- Qual o problema? Relaxa! O hotel é nosso!
- Qual o problema? Relaxa! O hotel é nosso!
Para esclarecer o meu susto, Pred usava uma sunga que certamente foi usada por ele há uns 15 anos, ultra pequena e azul royal, além dos cabelos, até a cintura, estarem rebeldemente soltos.
Mais regras são violadas mesmo com um cartaz de dimensões grandiosas. Meu querido amigo insiste em levar um copo de caipirinha pra dentro da piscina e, já um tanto quanto alterado pelos efeitos do álcool, começa a manusear os bastões flutuantes de isopor como se fossem nuntchacos.
Os demais hóspedes, educadamente assustados, retiram-se do local, restando apenas eu, envergonhada, e meu amigo-sem-limites, quando então, após agregar e relacionar os fatos marcantes do dia, notei que agora as "peças" se encaixavam e os questionamentos como "por que ele perdia mais tempo não afivelando os cintos do que os alinhando?" e "Por que ele insistia em reclinar a poltrona com a desculpa da coluna, sendo que tenho escoliose e não sentia essas dores?", finalmente são respondidos. E confirmo:
- Você já assistiu o filme Predador? Aquele que tem um cabelão engrunhado?
- Não lembro. Qual?
- Aquele que surge lentamente dos rios, sobe em árvores, prédios e ataca todo mundo, sem distinção, quebrando tudo.
- Ah! Sei, sei
- Não lembro. Qual?
- Aquele que surge lentamente dos rios, sobe em árvores, prédios e ataca todo mundo, sem distinção, quebrando tudo.
- Ah! Sei, sei
Nascia a lenda...
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